quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Scar: os elementos constitutivos do vilão


O vilão é um personagem que se opõe ao heroi quanto a conduta e aos valores morais. Em outras palavras é o personagem que adota um conjunto de regras de comportamento e de sentimentos que os membros de uma sociedade desvaloriza, em contraposição aos comportamentos valorizados e que são incorporados pelo heroi. O fato de o espectador valorizar as atitudes do heroi não significa dizer  que eles os vivenciem em seu dia-a-dia, até porque a complexidade da vida humana não pode ser resumida de forma tão linear como aparece nos filmes de animação, talvez isso justifique a catarse nos espectadores.

Sendo assim, a partir do vídeo acima, vemos que o personagem-vilão, Scar, traz elementos que são vistos pela cultura ocidental (somente?) como atitude de vilania: tirar a vida do próximo,  ser egoísta, trair, mentir, dissimular, alémlico, sem força violenta: a morte de Scar em razão de suas atitudes.

O maniqueísmo (bem x mal) aparece representado nas figuras (Mufasa x Scar e Mufasa x Simba). No segundo momento, o novo ressurge para resgatar o lugar da ordem.  As narrativas trazem uma estrutura comum: ordem - desordem - ordem, como mostra o artigo de Salete Santos (trabalhado em sala de aula) que analisa o filme O Rei Leão intertextualmente, sendo que a desordem é, em geral, trazida pelo personagem vilão, neste caso Scar.

Outros aspectos da personalidade do vilão (e do herói) poderiam ser destacados em outros momentos do filme. O final do vilão já é de conhecimento de todos: ele recebe uma punição pelas suas atitudes, muitas vezes culminada com a morte que, no vídeo acima, é minimizada em função do seu público.

Vale destacar um dos enunciados de Scar, quando, ao ser acusado de assassino por Simba, ele diz que é uma questão de perspectiva. Diante disso, considerando quem pronuncia o enunciado, podemos inferir que  a relatividade não é bem vista, já que quem fala do lugar da ordem não permite dúvidas, mas verdades que em geral são pronunciadas na ficção pelo heroi. De fato, a verdade depende da visão de cada um, do lugar de fala, mas no filme esta abertura não é mostrada devido ao fato, a meu ver, de ser para um público infantil e, talvez, os seus produtores, diretores, roteiristas não se sentissem à vontade em apresentar para este segmento social que a verdade depende do ponto de vista de quem vê. O que poderia acontecer caso este aspecto fosse considerado como valor? As crianças passariam a questionar os discursos dos pais, professores, do adulto em geral e isto parece não ser o propósito dos sujeitos que elaboram os textos destinados à criança. 

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